Ahlam Shibli احلام شبلي

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© Ahlam Shibli



Trauma

Corrèze, França, 2008–09
série de 48 fotografias, 38 x 57,7 cm; 57,7 x 38 cm, provas de gelatina e sais de prata; provas cromógenas



Tomando como ponto de partida as comemorações da sublevação da Resistência contra os nazis em Tulle (Corrèze, França) e das mortíferas represálias das forças de ocupação — acontecimentos que se prolongaram entre 7 e 9 de Junho de 1944 —, Trauma constrói-se em torno do facto de uma mesma população (em certos casos até os mesmos indivíduos) que resistiu à ocupação dos alemães e sofreu as atrocidades destes ter travado, alguns anos mais tarde, guerras coloniais na Indochina e na Argélia contra povos que, por sua vez, reclamavam a independência.

Ao nascer do dia 9 de Junho de 1944, as SS encurralaram mais de 2.000 homens de Tulle, com idades compreendidas entre os dezasseis e os sessenta anos, e nesse mesmo dia enforcaram 99 deles em candeeiros de iluminação pública e varandas. 149 outros homens foram deportados para campos de concentração alemães, de onde 101 não mais regressaram.

Monumentos comemorativos e cerimónias honram os mortos da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais: soldados, combatentes da Resistência e vítimas civis dos nazis, juntamente com membros do exército francês que perderam a vida nas guerras coloniais na Indochina e no Norte de África.

As imagens mostram vários residentes de Corrèze: antigos membros da Resistência, descendentes dos enforcados e deportados de 9 de Junho, antigos combatentes franceses nas guerras coloniais, Pieds-Noirs e também um colaborador argelino, um homem levado para França como trabalhador forçado da Indochina, um indochinês de segunda geração, uma senhora de ascendência argelina que a si mesma se considera francesa e imigrantes recentes oriundos da Argélia.



A série Trauma foi produzida com o apoio da associação Peuple et Culture Corrèze.